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Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
( FERNANDO PESSOA)
FERNANDO PESSOA DISPENSA COMENTÁRIOS MAS, POR VIA DAS DÚVIDAS, DEIXOU CLARO ELE QUE "Se depois de eu morrer,
quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus."
(Lisboa, 13 de junho de 1888 — Lisboa, 30 de novembro de 1935)
É o mais universal poeta português. Por ter sido educado na África do Sul, numa escola católica irlandesa, chegou a ter maior familiaridade com o idioma inglês do que com o português ao escrever os seus primeiros poemas nesse idioma. Enquanto poeta, escreveu sob múltiplas personalidades – heterônimos, como Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro –, sendo estes últimos objeto da maior parte dos estudos sobre a sua vida e obra. Robert Hass, poeta americano, diz: "outros modernistas como Yeats, Pound, Elliot inventaram máscaras pelas quais falavam ocasionalmente... Pessoa inventava poetas inteiros. (Wikipédia)
"Eu, ao versejar
ResponderExcluirVerso o que sinto
Se fingir fosse
Explodiria eu
O meu outro eu
Pois não lograria
Ser e sentir
Ninguém ou nada
A não ser eu mesmo
Ou o extremoso amor
Que te dedico"
( O Cavaleiro Mouro)