sexta-feira, 2 de outubro de 2015

EU PASSEIO, TU PESSOA(S) ELE POEMA




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Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

( FERNANDO PESSOA)

FERNANDO PESSOA DISPENSA COMENTÁRIOS MAS, POR VIA DAS DÚVIDAS, DEIXOU CLARO ELE QUE "Se depois de eu morrer, 
quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus." 

(Lisboa, 13 de junho de 1888 — Lisboa, 30 de novembro de 1935)

É o mais universal poeta português. Por ter sido educado na África do Sul, numa escola católica irlandesa, chegou a ter maior familiaridade com o idioma inglês do que com o português ao escrever os seus primeiros poemas nesse idioma. Enquanto poeta, escreveu sob múltiplas personalidades – heterônimos, como Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro –, sendo estes últimos objeto da maior parte dos estudos sobre a sua vida e obra. Robert Hass, poeta americano, diz: "outros modernistas como Yeats, Pound, Elliot inventaram máscaras pelas quais falavam ocasionalmente... Pessoa inventava poetas inteiros. (Wikipédia)

Um comentário:

  1. "Eu, ao versejar
    Verso o que sinto
    Se fingir fosse
    Explodiria eu
    O meu outro eu
    Pois não lograria
    Ser e sentir
    Ninguém ou nada
    A não ser eu mesmo
    Ou o extremoso amor
    Que te dedico"

    ( O Cavaleiro Mouro)

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