IMORTALIZOU-SE...
IMORTALIZARAM FERREIRA GULLAR
QUEM FALOU QUE NÃO HAVIA VAGA
PARA ELE?
Não há vagas
O preço do feijão não cabe no poema.
O preço do arroz não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás, a luz o telefone
a sonegação do leite
a sonegação do leite
da carne, do açúcar, do pão.
O funcionário público não cabe no poema
com seu salário de fome, sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabem no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira
( Ferreira Gullar )
com seu salário de fome, sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabem no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira
( Ferreira Gullar )
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A D O R O O O...OBRIGADA !