“Há corações que creem em Deus que são mais duros que os dos ateus e jogam pedras sobre as catedrais dos deuses iorubás” . . . “Pois a nossa terra é como a casa na aldeia, e as religiões na terra são os archotes que clareiam . . .”
(Excertos da Ópera “Alabê de Jerusalém”)
O que acreditamos nos move; nossa fé é o farol-guia que nos orienta e nos faz seguir em frente; além das religiões, nominadas e conhecidas, a fé, no seu estado mais puro, é igualmente um tesouro sem preço; mas, longe de nos envolvermos em infrutíferas discussões sobre fé e verdade, nos deixemos descobrir na diversidade do religioso e do profano, nos sons dos ancestrais e deuses d’África, no canto compungido dos conventos e mosteiros e nos mistérios das rezas dos espíritos da natureza, que todas as fés nos conduzam como a dança alegre do tambor de crioula, eco dos antigos reinos de onde as pedras fundamentais de tantas culturas e tantos credos se plantaram...Das igrejas seculares, passando pela Casa das Minas e sua sagrada majestade, nos debrucemos nesse mosaico de religiões, cultura e história...
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Nosso primeiro vislumbrar de fé foi o presépio iluminado em frente ao Palácio dos
Leões, a sede do governo do estado, entre anjos irradiando luz e o clima de Natal
já presente na cidade |
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No outro dia, voltamos e nos deparamos com verdadeiras obras de arte ao ar livre,
na Praça Benedito Leite, a caminho da Catedral da Sé |
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No Altar-Mor da Catedral, a Fé e o poder, a magnitude e a crença, lembranças de
uma época em que o poder temporal e o espiritual dividiam a velha cidade |
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Nos simbolismos antigos, a relação secreta entre a Igreja e a Maçonaria, onde o
Olho do Grande Arquiteto encima o Santíssimo Sacramento |
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Os que repousam o sono eterno no altar próximo à sacristia
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Tesouros de Pedra de Lioz, marcas da fé, arte que se fez além do tempo |
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Foi com muita alegria que pudemos comparecer: minha mãe e suas companheiras
ministras de Eucaristia , na sua confraternização na Paróquia de São Pantaleão |
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A dança que, de ato votivo aos orixás, se tornou a forma de expressão e luta dos
que vieram d'Africa e trouxeram a força de sua cultura em terras brasileiras, nos
ágeis movimentos, a poesia de todo um povo. |
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Nas capelas chamadas Passos de Quaresma - chamadas assim por causa da
procissão da Via Dolorosa na quaresma - encontramos as pessoas na preparação
de um Presépio; na dedicação deles, a fé sem floreios, simples e verdadeira |
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Nos impressionou sobremaneira a imagem do Divino Infante em uma expressão
mais natural e espontânea, chorando como qualquer bebê; isso deu uma beleza
muito grande ao cenário |
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Chegamos então ao capítulo de dor e agonia: a Cafua das Mercês, único prédio
preservado, em todo o Brasil, dos que eram usados como mercados de escravos,
primeiro ponto de muitos recém-chegados nos navios negreiros |
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No seu interior, m misto de religiosidade, história e cultura afro-brasileira numa
exposição interessante , onde objetos votivos se misturavam a instrumentos de
suplício, numa energia que, falando a mais pura verdade, foi pra nós uma
revelação de como nossa vidas pregressas refletem em muitos acontecimentos
presentes; nos sentimos tonteados com a energia de sofrimento ainda a pairar por
ali |
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O Sincretismo Afro-Brasileiro mais que nunca presente, que dá à nossa cultura a
marca tão especial que possui. |
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Os Tambores que ecoam pela cidade, tão bem descritos pelo mágico escritor
Josué Montello ... muito ainda iríamos ouvi-los |
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Ainda se consegue sentir, nos velhos instrumentos de suplício, a energia das
dores passadas... |
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O outrora poderoso pelourinho, marco de poder colonial, é agora apenas uma
figura de história, ma ainda impressiona... |
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Nessa pedra, chamada de "Pedra de Castigo", os escravos eram submetidos a
castigos excruciantes, sua dor ainda ecoa nas paredes da velha casa... |
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Nas pedras do velho convento, testemunhas mudas do passado, charadas e
enigmas para o presente; pedra do altar-mor da antiga igreja das Mercês , parte
do complexo do convento, ainda preservado |
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A imponente fachada do Convento das Mercês, sede da Fundação da Memória
Republicana, abriga um acervo artístico-cultural abrangendo a história do próprio
convento e a história recente da República; de convento, foi quartel da Polícia
Militar e depois restaurado à sua estrutura original do séc. XVII |
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Nossa passagem pelo Convento dos Capuchinhos ao lado da Igreja do Carmo,
onde uma frase nos toca o coração: "PAZ E BEM", o lema do iluminado São
Francisco de Assis |
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Nossa primeira passagem pela Casa das Minas não foi bem-sucedida, pois a
mesma não estava aberta; prometemos voltar depois, e nosso retorno foi
muitíssimo bem recompensado; mesmo assi, se podia sentir cada sentença do
livro de Josué Montello, "OS TAMBORES DE SÃO LUÍS", em cada parte |
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No centro histórico, o pôr-do-sol nos brindou com o reverberar das luzes sobre
os azulejos, onde , no dizer de Aluízio de Azevedo em seu romance O MULATO, "pareciam verter em cascatas de fogo" |
"Volteia Corêra, volteia, que na barra da tua saia encantas os corações"
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Para tornar ainda mas especial o momento, encontramos um dos grandes
cronistas visuais de nossa cultura, o artista plástico Francisco de Souza Ferreira -
FRANSOUFER |
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Na nossa volta à Casa das Minas, nos deslumbramos com os tambores de séculos,
vindos da África, os mesmos tambores que, com certeza, o personagem Damião,
do romance de Josué Montello, escuta, no seu caminhar pela cidade, através dos
vários capítulos; |
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Mãe Andreza, cuja história se confunde com a da própria Casa das Minas, quase
cem anos de história e tradição |
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Dona Socorro, esposa do zelador da Casa, nos recebeu com um carinho todo
especial, sendo nossa guia pelo local; nos sentimos grandemente honrados de
pisar esse solo sagrado, de tão grande importância para a cultura do Maranhão |
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Como manda a tradição, as comidas das obrigações da festa são feitas no fogo de chão |
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Outra grande tradição: as águas dos rituais dos voduns são guardadas em potes;
reza outra tradição que duas fontes, a do Apicum e a do Bispo, eram os locais de
recolha da água ritual |
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Chegamos na véspera da festa de Reis; a comida da festa ainda sendo preparada,
e percebia-se o gosto e o afinco dados à ocasião; além dela, conhecemos
igualmente a indumentária da Corte Imperial na Festa do divino, também
organizada pela Casa |




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Assim, com uma felicidade sem fim, honradíssimos por conhecer esse tão
importante espaço de fé e cultura do Maranhão e do Brasil, saímos com o coração enternecido e
contagiado pela grandeza da oportunidade e nosso dia, quem sabe pela energia tão positiva que
descobrimos lá, transcorreu belo e cheio de coisas boas...
P.S.: TROUXEMOS DE LÁ UMA INFLUÊNCIA DE CHEIRO: UM DIFERENTE INCENSO USADO PELO
MARANHENSE, BEM MAIS GROSSO, DE AROMAS VARIADOS, COM DIAS FUNDAMENTAIS DE
QUEIMA: NATAL, ANO NOVO, DIA DE REIS E QUEIMA DAS PALHINHAS DO PRESÉPIO. PURO
ENCANTAMENTO. DIA DE REIS, AINDA CANSADOS DA VIAGEM DE VOLTA, EM HOMENAGEM ÀOS
RITUAIS DO POVO AZUL E BRANCO ACENDEMOS O INCENSO DE DIA DE REIS E EM FEVEREIRO O
FAREMOS EM HOMENAGEM À QUEIMA DAS PALHINHAS, COMO MANDA A TRADIÇÃO DA FAMÍLIA
DE THOMÉ, MEU MARIDO. ALIÁS, ESSE É O NOSSO PRÓXIMO ASSUNTO, NA PARTE 4 !
ATÉ LÁ . . .
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